segunda-feira, 26 de março de 2007

Vídeo com Tradução

Saiu a primeira tradução dos vídeos de Jack Kerouac. A tradução é do primeiro vídeo dele que postamos no blog, e foi feita pela aluna Carla Delduca. A partir do momento em que forem surgindo as traduções a gente vai postando o vídeo que é relacionado a essa tradução.

O primeiro é esse. A tradução vem logo a baixo.


Tradução:
"De qualquer forma, eu escrevi o livro porque nós todos vamos morrer. Na minha solitária vida, meu pai está morto, meu irmão está morto, minha mãe tão longe, minha irmã e minha mulher tão longe.

Nada aqui, mas minhas próprias mãos trágicas, que foram pontilhadas uma vez por um mundo de doce atenção. E agora eu deixei à guia para que desaparecesse deles suas próprias maneiras na obscuridade comum de toda nossa morte. Dormindo em uma haste da cama, é estupidez. Com somente estes: orgulho e constelação, meu coração quebrou. Em um total desespero e se sentindo tocado, aberto ao Senhor, eu fiz uma suplicação nos meus sonhos. Então, na última página do “On the road”, eu escrevi como o herói Dean Marriotti veio para me ver desde da costa oeste apenas para um dia ou dois. Nós tinhamos acabado de voltar e andamos através do país diversas vezes de carro, e agora nossa aventura acabou. Nós ainda somos grandes amigos, mas nós temos que ir para atrasadas fases de nossas vidas. Então, lá se vai Dean Marriotti, áspero, como uma traça comendo, todo coberto. Ele trouxe especialmente para a temperatura congelada do leste.

Andando a fora sozinho, na última vez que eu o vi, ele correu para a esquina da sétima avenida. Os olhos na rua, e deram-lhe uma “sugestão “, assim é na América, quando o sol vai embora e eu me sento em um pequeno e quebrado baixo cais de rio, assistindo ao longo longo céu de New-jersey e sinto toda a terra crua, que rolou em uma inacreditável, enorme, protuberância sobre a costa oeste. Todo esse rugído do barco e todas as pessoas sonhando na imensidão que é isso e agora eu saberei, por agora, que aquelas crianças devem estar chorando a terra aonde eles deixaram aquelas crianças chorar. E hoje à noite as estrelas estarão para fora.

Vocês não sabem que Deus é mais puro? A noite, as estrelas devem estar inclinadas e derramando seus borbulhantes “dins” na festa, que é somente antes da vinda da completa noite daqueles que assistem à terra. Escurece todos os rios, policias prendem o pico final dos que não finalizam ninguém, ninguém sabe o que vai acontecer, além dos quatro, uma sobra de velhos crescimento, pensam sobre Dean Marriotii, e eu quero dizer, penso sobre o velho Dean Marriotti, do pai que nós nunca encontramos, penso sobre Dean Marriotti, eu acho sobre Dean Marriotti".


Créditos para Carla Delduca.

domingo, 25 de março de 2007

Os Livros do Mochileiro

Os livros que o nosso autor já publicou.
Está na ordem que eles foram publicados.
Os Livros
O link foi descoberto pelo aluno Filipe Cerolim e tá ai caso alguém queira entrar no site. Está em Inglês.

LIVRO E PUBLICAÇÃO




The Town and the City - 1950





On the Road - 1957





The Subterraneans - 1958





The Dharma Bums - 1958






Doctor Sax - 1959





Maggie Cassidy - 1959





Mexico City Blues - 1959





Book of Dreams - 1960







Tristessa - 1960





Visions of Cody - 1960






The Scripture of the Golden Eternity - 1960





Lonesome Traveler - 1960



Pull My Daisy - 1961




Big Sur - 1962








Visions of Gerard - 1963






Desolation Angels - 1965






Satori in Paris - 1966






Vanity of Duluoz - 1968



Pic - 1971




Scattered Poems - 1971







Old Angel Midnight - 1973







Trip Trap - Haiku - 1973







Heaven & Other Poems -1977

quinta-feira, 22 de março de 2007

Fotos do encontro com o Ricardo Benevides

Ta aiiiiiiiiiiiiií o que o PC queria. As fotos de hoje.














Papo com Ricardo Benevides

Hoje rolou um papo com o professor Ricardo Benevides sobre sua tese de doutorado"Literaturas do Caminho".
Os alunos que participaram desse papo foram:
Filipe Cerolim, Helga Lira de Artiaga, Leila Carrilho, Fabio Resende, Victor Hugo, Camila Rodrigues, Maria Fernanda Schardong, Rafael Queiros, Mariana Pimenta, Felipe Hanower, Sheila Aguiar, Pedro Ivo, Carla Borchat, Luis Gustavo, Lucas Cabral, Dalmo Rocha, Maria Fernada, Martha Bacci, Marcia Jussara, Elenir Souza.

A entrevista completa logo estará no ar, com fotos e outras coisas.

terça-feira, 20 de março de 2007

Geração Beat: O "Estar" Em Movimento

"A chave de tudo foi o tédio"
-Hal Chase

A Geração Beat era um grupo de jovens intelectuais estadunidenses que, em meados dos anos 50, enfadados com a monotonia do pós-guerra e incomodados com o estilo de vida consumista que se instalara, criaram uma nova literatura, e por assim dizer um novo movimento. A motivação destes escritores era estar em conjunto, desfrutar de parceria nas viagens, tanto físicas quanto psicotrópicas. Pode-se dizer que esse prazer de estar entre amigos, essa espécie de prolongamento do sentimento colegial de fazer parte de uma turma, de estar para sempre entre grandes camaradas, foi a tônica do discurso literário, o leitmotiv de toda a Geração.


A literatura dos beats é sobre o laço de amizade entre homens, sobre a afetuosidade entre eles ou até sobre a tristeza da descoberta de que o amor e a paixão fenecem – semelhança a geração ultra-romântica do século XIX. Todo o resto – o zelo pela religião oriental, o flerte com o Existencialismo, a fascinação pelos sonhos, o radicalismo político, a paixão pelas drogas, a liberdade sexual – era meramente decoração de uma complexa rede de relacionamentos pessoais.

A palavra beat em si é sinônimo para batida ou compasso (seja musical ou cardíaco). Também significa ser vencido. O termo beat é gíria antiga, utilizada nas ruas entre pessoas de baixa renda, basicamente reafirmando a idéia de estar cansado e vencido (pela vida). A expressão também foi utilizada para designar uma negociação de tráfico que terminou mal, por exemplo, pagar por heroína e descobrir depois que era açúcar ou talco, é ser beat (vencido).

Discutindo o termo Geração Perdida, de Jean-Paul Sartre, diz a lenda que, em uma cafeteria em Times Square, Jack Kerouac e John Clellon Holmes procuravam uma definição para a falta de perspectiva que viam e sentiam ao seu redor. Foi quando Kerouac casualmente filosofou, "somos mesmo uma beat generation".

Alguns poetas se sentiam desconfortáveis com o modismo do termo e tentaram esvaziar o excesso de mítica criada. Gary Snyder, poeta e autor do livro Myths And Texts, falou certa vez, que não existia nenhuma Geração Beat, pois meia dúzia de pessoas não constitui uma geração. Aparentemente este também é o raciocínio de Hettie Cohen Jones, autora do livro How I Became Hettie Jones, ela deduziria que o termo beat generation era um nome mal empregado, já que toda a geração beat cabia em sua sala de estar, e ao seu entender, uma geração inteira não poderia caber em apenas uma sala.

Seria Allen Ginsberg quem mais se esforçaria a definir e projetar o termo beat e a consciência literária que ele sugere. Seu esforço promocional era direcionado a conseguir publicações em revistas de renome e status. Não somente para os seus trabalhos, como também para os dois amigos, cujo trabalho Ginsberg mais respeitava e admirava, Jack Kerouac e William Burroughs. Ginsberg porém, nem sempre foi tão obstinado quanto ao seus objetivos.

A geração beat se dividia em dois grupos. O primeiro era composto por Jack Kerouac, Allen Ginsberg, John Clellon Holmes, William Burroughs, Herbert Huncke, Lucien Carr, Hal Chase e Gregory Corso, que se conheceram em diferentes ocasiões durante o decurso do ano de 1943. No ano seguinte conheceram Neal Cassady, de passagem em Nova York vindo do oeste. Juntos e individualmente, criaram uma poesia urbana e uma forma ou estilo de escrever específico e à parte de qualquer outro estilo corrente. Alguns destes membros, inclusive Kerouac, se fixam em São Francisco, assim acabam atraindo poetas igualmente inconformados com a América que utilizava o boom industrial como um sedativo, enfatizando o maior interesse das massas em novas invenções de eletrodomésticos.

Neste segundo grupo estão poetas, escritores, artistas e intelectuais como Lawrence Ferlinghetti, Gary Snyder, Kenneth Rexroth, Norman Mailer, David Meltzer, George Herms, Wallace Berman, Bruce Conner, Philip Lamantia, Michael e Joanna McClure. Estes atingiram pintura e escultura, como também uma literatura abrangente. Pode-se deduzir que foi em São Francisco que o beat se tornou de fato um movimento.

Foi em São Francisco, no dia 7 de outubro de 1955, que um grupo de poetas desconhecidos montam um recital gratuito em uma galeria velha que ficava no bairro negro da cidade. Kerouac estava presente apenas como espectador e tratou de promover uma ‘vaquinha’ para a compra de algumas garrafas de vinho barato. Assim, tornou-se parte do programa a distribuição gratuita de vinho tanto para os artistas como para o público, que foi em torno de 150 pessoas.

Entre a leitura de "Howl" no recital e a publicação de On The Road, houve o famoso processo jurídico onde Lawrence Ferlinghetti, ao publicar o livro "Howl and Other Poems" de Allen Ginsberg, passou a ser acusado pelo governo de promover pornografia. O Senador Joseph McCarthy liderou uma cruzada contra atividades rotuladas anti-americanas. Porém, a justiça não só inocentou o poema, como o definiu "valioso conteúdo social". O mais importante foi a cobertura diária da imprensa no julgamento, que tornou os termos Beat, Beat Poet e Beat Generation repentinamente conhecidos por todo o país.

A literatura beat passa a ser ao mesmo tempo elogiada por alguns críticos, e criticada pelas associações literárias conservadoras. É neste contexto que nasce o termo beatnik, surgido no San Francisco Chronicle em uma coluna assinada por Herb Caen em abril de 1958. O sufixo ‘nik’, inspirado no satélite espacial russo Sputnik, sugere à palavra beat a idéia de algo subversivo, uma vez que russos e norte-americanos simbolizavam a antítese entre comunismo e capitalismo. Não demoraria muito e beat seria compreendido como um estilo de escrever, e beatnik um estilo de viver. Menos de dois meses depois de On The Road e ainda com a confusão em torno do julgamento, o termo passa a ser usado em anúncios da gravadora Atlantic para a venda de discos de jazz.

Com o excesso de publicidade em relação aos beats foi criado em São Francisco um circuito turístico, concentrando-se principalmente em North Beach, ponto dos beats originais. No local, jovens querendo ser ou se passando por beats, todos estereotipados com boinas, barbichas e costeletas largas, óculos escuros e tocando bongô enquanto ouvem jazz. O ponto perdeu o seu sentido e muitos dos autênticos beats voltaram para a estrada.

Jack Kerouac, sempre fugiu de definições específicas para o termo beat, mas ao ler um o artigo na revista Esquire se irritou ao encontrar nele seguidas referências às drogas. Motivado, publicou sua versão num artigo chamado "Aftermath: The Philosophy of the Beat Generation", na mesma revista. Nele, Kerouac romantiza sobre a alienação social dos beats originais, tornando-os ainda mais atraentes. Define sua geração como "louca, iluminada, viajando pela América de carona." Kerouac usa muitas expressões e adjetivos e conclui que os beats são belos de uma forma feia, porém graciosa. Ele faz questão de frisar que o termo nada tem a ver com delinqüência juvenil. Beats são pessoas espiritualizadas que não montavam gangues para agredir pessoas, apenas eram andarilhos solitários, porém solidários.


Texto produzido pela aluna Helga Lira de Artiaga