quinta-feira, 5 de abril de 2007

Outros e Kerouac

Ao circular por uma livraria, encontrei o livro, “Diários de Kerouac: 1947-1944”, do autor, Douglas Brinkley, ente os dez mais vendidos. Abaixo, encontram-se os comentários feitos na orelha do livro e algumas opiniões sobre o livro escritas na contra-capa. Dentro do livro, possuem imagens de páginas originais dos diários de kerouac. Se alguém conseguir essas imagens, seria muito interessante postá-las aqui. Vale a pena conferir o livro!

Em “Diários de Jack Kerouac: 1947-1954”, o historiador Douglas Brinkley reúne uma seleção de anotações dos diários escritos durante o período mais crucial da intrépida vida do romancista, começando em 1947, quando ele tinha 25 anos e, seguindo até 1954. Um verdadeiro retrato do artista quando jovem, estes diários, mostram uma alma sensível mapeando seus próprios progressos como escritor e digerindo os seus mais importantes precursores literários tais como Dostoiéviski, Tolstói, Joyce, Mark Twain, Céline, entre outros.

Eis Kerouac, como um faminto e jovem escritor que luta para aperfeiçoar e terminar seu primeiro romance, “The Town and the city”, ao mesmo tempo que constrói importantes amizades com Allen Ginsberg, William S. Burroughs e Neal Cassedy. Eis, também, Kerouac em pleno processo de gestação daquela que seria sua obra máxima, “On the road”, na qual começou a trabalhar em 1949 e fui publicada em 1957.

Nessas páginas confessionais, o leitor vai encontrar relatada grande parte dos acontecimentos imortalizados em “On the road”, a eterna e iluminada devoção do escritor por um catolicismo místico, histórias das suas viagens pelos quatro cantos dos Estados Unidos, seu amor por uma América transcendental e anotações de idéias para inúmeros textos, além de sua crônica e constante melancolia.

Alem do monstro sagrado, que tinha a implacável convicção de que logo haveria “uma nova grande revolução da alma”, vemos um jovem como tantos outros, cheio de dúvidas e medos, preocupado em arrumar uma namorada.

Conforme fica claro na introdução este livro “traz provas definitivas do profundo desejo de kerouac de tornar-se um grande e duradouro romancista americano. Repletas de inocência juvenil e da luta para amadurecer e para fazer sentido em um mundo de pecados, estas páginas revelam um artista sincero tentando descobrir sua própria voz”. Revelam enfim, as almas e sentimentos por trás de On the road e de tantas outras obras que transformaram a literatura norte-americana.

Opiniões sobre o livro:

    • Kurt Vonnegut: “Os Diários de Kerouac me fazem lembrar de uma época, nem tão distante assim, quando ainda havia algumas pessoas apaixonadamente sensíveis a escrita e ao atp de escrever. Hoje elas estão extintas”.
    • Johnny Depp: “Estes diários são um must para qualquer um que se interesse por Kerouac e pelos beats. Mais do que isso: destina-se a todos nós que temos curiosidades sobre uma época em que a inocência ainda era uma possibilidade. Ler os pensamentos, as esperanças e os sonhos de Kerouac nos leva de volta às coisas importantes da vida. Viver, amar, respirar, pensar, ter esperanças, se importar, sonhar, rir e ir em frente sempre”.
    • Publishers Weekly: “ Estes diários são uma fonte essencial de informações para os estudiosos da literatura norte-americana, mas a força da personalidade de Kerouac faz deles uma literatura absorvente para os fãs em geral”.
Créditos para Juliana Noronha

quarta-feira, 4 de abril de 2007

300

Não foi preciso nem esperar até o final de semana. Ontem, terça-feira (03/04/07), chegamos a marca de 300 acessos. As visitas contabilizadas em um único dia foram 45.

O On The Road Rio já é sucesso na internet!!!

terça-feira, 3 de abril de 2007

Kerouac tem um memorial













O Parque Jack Kerouac localiza-se
na Rua French & Bridge na cidade de Lowell, Massachusetts




Créditos para Felipe Hanower

segunda-feira, 2 de abril de 2007

“Para quem é obrigado a sonhar de olhos bem abertos todo movimento é invertido, toda ação se quebra em fragmentos microscópicos. Creio, enquanto atravesso os horrores do presente, creio que só aqueles que têm a coragem de fechar os olhos, só aqueles em permanente ausência da condição conhecida como realidade é que podem afetar o nosso destino”.

(H. Miller)



Mochila de Gerações


O que não se passa em plena rua

é falso, derivado, isto é, literatura.

(Henry Miller)





As linhas que serão traçadas a seguir provavelmente não encontrarão espaço na confecção de nosso Jornal Laboratório. Apesar disso, me entreguei à liberdade de experimentar o desafio de me aventurar por entre caminhos pouco usuais, talvez desconhecidos, exatamente como um cientista inquieto diante de seus ensaios e formulações. O risco, no entanto, ao invés de inibir qualquer expectativa, apenas acende violentamente o desejo por um horizonte abundante de luz.



***



No dia 22 de março de 2007, o professor de Relações Públicas, Ricardo Benevides, convidado pelo professor PC Guimarães, expôs para a turma de Técnica de Reportagem a influência que o livro On The Road, de Jack Kerouac, provocou, nos EUA, sobre a geração beat. Os beatniks formavam uma legião de jovens que, inconformados com o espírito mesquinho que pervagava o american way of life, se propunha a incendiar na juventude a necessidade de despertar uma nova forma de ser, um outro olhar sobre as questões do mundo.



Fortemente atacado pelo macartismo (doutrina que ficou conhecida através do senador Joseph McCarthy, durante a Guerra Fria, o macartismo procurava repreender toda manifestação contrária às posições políticas dos EUA; qualquer ameaça à ordem e aos bons costumes seria condenada como uma investida subversiva, de direção comunista, e precisaria ser combatida), o movimento conseguiu ganhar da justiça americana o direito de perpetuar as suas reivindicações por maior liberdade de expressão. A geração beat anos mais tarde viria a repercutir acenos de vários artistas, entre eles Bob Dylan e Renato Russo. Os hippies também receberam do livro de Kerouac o fôlego de coragem para desbravar as estradas em busca de uma alternativa social que garantisse entre os indivíduos a cooperação em nome da paz e do amor.



Ricardo Benevides, durante a entrevista, ponderou, entretanto, a respeito da designação atribuída ao termo “literatura do caminho”, constantemente relacionado à chamada cultura beat. Segundo ele, Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto, bem como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, podem também estar situadas no conceito de tal referência literária. O problema que enfrentou durante essa avaliação repousa justamente na incongruência que legitima o mesmo critério ou valor literário a qualquer tipo de expressão conferida através escrita. Dessa maneira, Benevides teve que considerar, inclusive, o livro de Bruna Surfistinha, O Doce Veneno do Escorpião, como um exemplar da tal literatura de estrada. Ainda nas palavras do professor e de outros especialistas no assunto, On The Road é um livro que pode ser entendido sob a ótica do existencialismo. Diante destes paradoxais atalhos, fica difícil discernir com clareza a autenticidade do discurso que se esforça para se fazer crer como verdadeiramente original ou contra-cultural.



Se levarmos em conta o existencialismo como a filosofia na qual o indivíduo assume autonomamente a liberdade e a responsabilidade de seu próprio Juízo e que, portanto, cada indivíduo em posse da razão pode elaborar a profecia de seu próprio destino, resta-nos observar em que medida a coletivização dos interesses de Jack Kerouac findaria por sufocar o próprio existencialismo em si. Se tratado como uma forma de ideologização, um estandarte, o suposto existencialismo que o livro mobilizou acaba pairando num absurdo longe do caráter Grundlos conceituado por Schopenhauer ou, mais distante ainda, do pessimismo amargurado de Cioran. É por isso que, a partir do momento em que On The Road é tomado como ideologia, uma espécie de Bíblia de determinado movimento ou tradição, o livro colabora para a instauração do fanatismo, da crença resignada e cega.



Isto quer dizer que o sucesso da literatura de Kerouac se deve muito mais à garantia comercial que o livro, como negócio, prometia aos seus patrocinadores do que pelo desprezo que urgia ser vomitado na estúpida face da sociedade de consumo na qual o autor narra as suas desventuras. Ou seja, neste mundo das mercadorias, nenhuma novidade é lançada despretensiosamente, mesmo que sua embalagem aparente a oferta de um objeto revolucionário. Sob esse ponto de vista, Jack Kerouac “ingenuamente” contribui para o que entendemos como a cosmetização do espírito transgressor ou anárquico. Tanto é que o próprio autor consideraria, anos mais tarde, o movimento beat, refletido nas ruas, como algo ridículo e esvaziado da intenção que o motivara a escrever. Apesar da infelicidade do arrependimento, para ser publicado, apenas para fazer fama, Jack superestimou o valor de sua obra e, por vaidade, vendeu e permitiu que seu trabalho fosse editado e adulterado, conseguindo enriquecer com o livro que ainda gerou bons lucros para a indústria da moda. A partir da instauração dessa moda, a dita juventude contestadora adere à naturalização do uso indiscriminado das drogas, à celebração da degradação humana de tendências suicidas, à banalização da vida, do sexo e às práticas de uma sociedade decadente. E por incrível que pareça, aceita esta “verdade”, inquestionável para a maioria, com orgulho, ao mesmo tempo em que procura equilíbrio nas meditações zen-budistas. Em síntese, o porta-voz desta geração, aliado com o discurso publicitário, simplesmente permite associar a tão ansiada “liberdade” como um mero objeto de consumo.

Quando o projeto de construção de uma nova sociedade de caráter transformador esbarra na ânsia da felicidade imediata, não resta outra opção senão entregar suas mais nobres aspirações nas mãos do capitalismo que tudo tem para vender no seu estoque de quiquilharias. A título de ilustração, vale a pena constatar que a loja de roupas Gang era uma grife que vendia acessórios para o público underground, para punks. O nome da etiqueta já sugere um rótulo do marginal. Ou seja, ser “marginal” era o barato vendido pela marca. Toda a tribo encontraria na Gang ofertas para vestir cuidadosamente a armadura do jovem revoltado. Anos se passaram e a onda do nosso momento não é mais ser trash. O importante agora é aproveitar a vida com saúde, estampar para os amigos um corpo sarado e perfeito, trocar dicas de alimentação e personal-trainers. E a história continua: a loja que vendia para o público punk, por um simples cálculo financeiro, encaminhou seus investimentos para um mercado mais atraente. Agora vende roupas para funkeiros e funkeiras que por alguma razão encontram diversão no baile. Não é intenção desse artigo ir além na questão do funk. Muitos especialistas já se dedicaram ao assunto. Mas se você não gosta de funk, poderá encontrar outra tribo legal para encontrar a galera.

De uma maneira geral a juventude não perdeu o desejo de dar a volta ao mundo, de entregar o espírito ao vento, de ver novas paisagens e culturas através da janela do carro. Todavia, como tudo hoje em dia tem que ser acelerado, resta a opção de uma outra janela que te coloca em contato com o mundo inteiro “em tempo real”: eis o Windows!





Glossário:



Geração
1. produção, formação 2. procriação, concepção 3. grau de filiação em linha direta 4. descendência 5. Conjunto de pessoas que tem mais ou menos a mesma idade 6. Cada uma das fases sucessivas que assinalam mudança decisiva numa técnica em evolução


Gerador
1. que ou o que gera, produz ou procria


Gerar
1. Dar existência ou ORIGEM 2. ser a causa ou a origem de; criar produzir 3. adquirir existência; nascer


Existência
1. forma de viver 2. presença 3. período de tempo; duração

Mochila
1. Bolsa com alças para ser carregada nas costas

Créditos para Rafael Queres

Rumo aos Mil

Em uma semana e meia que começamos a contabilizar o número de visitas do blog, nós já passamos de 215 acessos. O On The Rod Rio, tem em média, 20 acessos por dia, estamos indo bem! Com esse ritmo chegaremos a 300 ainda no final de semana! Vamos bater essa marca, OnThe Road Rio, rumo aos 1000 acessos!


Lembrando que ainda estamos esperando a entrevista completa do Ricardo Benevides. Quem já tiver envie para o e-mail penaestrada.rj@gmail.com , que postaremos aqui! Obrigado!

domingo, 1 de abril de 2007

Entrevista

A aluna Carla Boechat fez uma entrevista. Créditos pra Carla Boechat
Está aí embaixo:

Revirando sites e mais sites em busca de algum “beatnik” dos tempos modernos, eu não me liguei que dentro de casa eu possuía uma amiga que lê e gosta de autores do estilo de Kerouac. Seguindo o conselho do PC, fiz uma rápida entrevista com ela. Ela se chama Ana Carolina Pereira, tem 21 anos e cursa Direito na UFF.

Carla: Quais os livros de Kerouac que você já leu?

Ana Carolina: Eu já li “Vagabundos iluminados”, “On the Road” e “O livro dos sonhos”.

C: Existe mais algum autor com este mesmo estilo literário no qual você goste?

AC: Tem sim. Eu gosto de Bukowski, Eginsberg e J.D. Salinger.

C: Como você conheceu a obra de Kerouac? Foi alguém mais velho que te indicou, ou então algum amigo?

AC: Primeiro eu ouvi falar do livro “O apanhador no campo de centeio”. Li, gostei e a partir daí comecei a procurar outros autores da mesma época. Foi aí que eu encontrei Kerouac.

C: Uma vez você comentou comigo que seus amigos também gostam de Kerouac. Foi você que indicou para eles?

AC: (risos) Sim! “Vagabundos iluminados”, eu já emprestei pra muita gente!

C: Você acha que, hoje em dia, a leitura de “On the Road” é capaz de influenciar um jovem a sair de casa e viajar por aí de carona e sem destino certo?

AC: Hoje em dia quase ninguém faz isso, naquela época era mais comum. Antes, o fluxo de informação era menor. Às vezes você lia uma informação e ia atrás daquilo. Hoje você muda de idéia com muita facilidade, pois são muitas informações que são oferecidas.

C: Você teria coragem de pôr a mochila nas costas e sair por aí sozinha ou acompanhada?

AC: Sim! Se eu tivesse dinheiro, sim. Aliás, dinheiro não... Se eu tivesse tempo, sim. Eu não queria largar a minha faculdade... Mas, quando eu me formar, eu vou. Sabia que com 4 mil reais dá pra você fazer um mochilão pela Europa.
C: É mesmo? Quem sabe quando eu me formar também vou... Sempre falo com minha mãe que quando eu me formar, ninguém me segura!

(risos)

Ela estava lendo “Autobiografia de um Iogue”, de Paramahama Yogananda, no momento em que cedeu a breve entrevista.


Vamos lá gente. Vamos produzir mais.