domingo, 22 de abril de 2007
Nossos Blogs são Notícia!
terça-feira, 17 de abril de 2007
A estrada é a vida ?
Isto posto, confesso que com muito, muito esforço mesmo, consegui ultrapassar mais da metade do livro. Percorri atenta, costa a costa, norte ao sul dos Estados Unidos, freneticamente, vendo passar diante de meus olhos outdoors de produtos americanos. Aprendi todas as marcas de carro, caminhão, ônibus e trem dos anos 50. E cadê a “nova literatura e a aura de lirismo e transgressão” anunciados. Um pouco de Plasil para não ficar enjoada com aquela “viagem” cheia de curvas, que não chegou a lugar algum. Houve momentos risíveis com as frases de redação de criança de oito anos, narrando suas férias: “Vi pela primeira vez na minha vida meu amado rio Mississipi ...e um grande caminhão roncando, vrumm, em dois minutos parou aos solavancos para me apanhar”. Por vezes, me senti dando uma espiadinha num blog de adolescente : “desde que eu descole uma gata mansa e linda com aquele lugar delicioso entre as pernas”. Detalhe importante: o autor desta frase é Dean Moriarty, cuja “inteligência era muito mais brilhante, formal e completa, sem nada daquela intelectualidade tediosa”, segundo Sal Paradise, narrador do livro. Taí. Esta expressão “intelectualidade tediosa” desvendou o mistério. Ora, estamos falando de um livro escrito logo após a segunda guerra mundial, em que a Europa estava arrasada, em todos os sentidos. Então, a arrogância norte americana quis, a qualquer custo, migrar o pólo intelectual da Europa para os Estados Unidos. Lembrei-me, então, de um artigo do Affonso Romano de Sant’Anna, intitulado “O Roubo do Século” , onde afirma que “o vácuo da produção européia começou a ser preenchido por obras surgidas do orgulho americano estimulado pela vitória contra o nazismo. E isto se dá no bojo da guerra fria, em que obras não apenas nacionais, mas sobretudo abstratas surgiam como oposição à pobre arte figurativa comunista. As grandes corporações logo se perfilaram nessa luta estético-ideológica, a ponto de Greenberg, já em 1945, temer que a arte moderna virasse a arte de estado nos Estados Unidos. E virou”. Por isso, meus colegas universitários, não vamos fazer cara de quem está entendendo tudo, quando nos depararmos em museus com quadros onde há apenas uma tela branca emoldurada. Como disse Sant’Anna é “a síndrome do branco sobre o branco - como nos célebres quadros pintados por Malevitch . Todas as demais artes, a rigor, conheceram síndrome idêntica: chegou-se à folha em branco, ao concerto silencioso, à escultura que derrete, ao teatro sem atores”. O pessoal de marketing sabe explicar como a esperteza burguesa e o mercantilismo dos maus profissionais conseguem esta proeza de explorar a ingenuidade do público. E não é privilégio do americano – acontece em qualquer país.
Que fique bem claro que não sou antiamericana. Aprender o jogo da Poliana foi uma das melhores lições de sobrevivência que aprendi. É quando penso nos maravilhosos momentos em que li Mark Twain, Sallinger, Walt Whitman, degustando as madeleines americanas, que para mim são uns bolinhos de canela. E no acervo afetivo-musical guardo a voz de Louis Armstrong, as músicas de Gershwin e de Cole Porter. Saravá!
Muitas vezes lendo os capítulos de On the Road, pensava na sabedoria do Mestre Cartola. Sua poesia do Morro da Mangueira, que jamais foi contagiada pelos universitários num campus da Nova Inglaterra, misturada com cachaça, conseguiu a delicadeza de avisar à sua filha , quando ela “botou o pé na estrada” e caiu na vida:
Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar...
Pois é , Kerouac, infelizmente a vida não está na estrada. A indústria automobilísitica tenta agora reparar os danos do aquecimento global, quando se queimou tanto combustível e borracha de pneus. Sem ufanismo, Cartola foi, além de tudo um visionário, ao pensar na energia aeólica. ....
Créditos para Leila Carrilho
domingo, 15 de abril de 2007
Bob Dylan Fala do On The Road
"Within the first few months that I was in New York I'd lost my interest in
the 'hungry for kicks' hipster vision that Kerouac illustrates so well in
his book 'On The Road'. That book had been like a bible to me. Not anymore,
though. I still loved the breathless, dynamic bop poetry phrases that flowed
from Jack's pen, but now that character Moriarty seemed out of place,
purposeless - seemed like a character who inspired idiocy. He goes through
life bumping and grinding with a bull on top of him."
Bob Dylan, "Chronicles Volume One". Simon & Schuster, 2004. Pgs. 57-58.
Créditos para Martha Bacci
sexta-feira, 13 de abril de 2007
terça-feira, 10 de abril de 2007
Neal Cassady e Jack Kerouac
Foto da Casa de Jack Kerouac
quinta-feira, 5 de abril de 2007
Outros e Kerouac
Ao circular por uma livraria, encontrei o livro, “Diários de Kerouac: 1947-1944”, do autor, Douglas Brinkley, ente os dez mais vendidos. Abaixo, encontram-se os comentários feitos na orelha do livro e algumas opiniões sobre o livro escritas na contra-capa. Dentro do livro, possuem imagens de páginas originais dos diários de kerouac. Se alguém conseguir essas imagens, seria muito interessante postá-las aqui. Vale a pena conferir o livro!
Em “Diários de Jack Kerouac: 1947-1954”, o historiador Douglas Brinkley reúne uma seleção de anotações dos diários escritos durante o período mais crucial da intrépida vida do romancista, começando em 1947, quando ele tinha 25 anos e, seguindo até 1954. Um verdadeiro retrato do artista quando jovem, estes diários, mostram uma alma sensível mapeando seus próprios progressos como escritor e digerindo os seus mais importantes precursores literários tais como Dostoiéviski, Tolstói, Joyce, Mark Twain, Céline, entre outros.
Eis Kerouac, como um faminto e jovem escritor que luta para aperfeiçoar e terminar seu primeiro romance, “The Town and the city”, ao mesmo tempo que constrói importantes amizades com Allen Ginsberg, William S. Burroughs e Neal Cassedy. Eis, também, Kerouac em pleno processo de gestação daquela que seria sua obra máxima, “On the road”, na qual começou a trabalhar em 1949 e fui publicada em 1957.
Nessas páginas confessionais, o leitor vai encontrar relatada grande parte dos acontecimentos imortalizados em “On the road”, a eterna e iluminada devoção do escritor por um catolicismo místico, histórias das suas viagens pelos quatro cantos dos Estados Unidos, seu amor por uma América transcendental e anotações de idéias para inúmeros textos, além de sua crônica e constante melancolia.
Alem do monstro sagrado, que tinha a implacável convicção de que logo haveria “uma nova grande revolução da alma”, vemos um jovem como tantos outros, cheio de dúvidas e medos, preocupado em arrumar uma namorada.
Conforme fica claro na introdução este livro “traz provas definitivas do profundo desejo de kerouac de tornar-se um grande e duradouro romancista americano. Repletas de inocência juvenil e da luta para amadurecer e para fazer sentido em um mundo de pecados, estas páginas revelam um artista sincero tentando descobrir sua própria voz”. Revelam enfim, as almas e sentimentos por trás de On the road e de tantas outras obras que transformaram a literatura norte-americana.
Opiniões sobre o livro:
- Kurt Vonnegut: “Os Diários de Kerouac me fazem lembrar de uma época, nem tão distante assim, quando ainda havia algumas pessoas apaixonadamente sensíveis a escrita e ao atp de escrever. Hoje elas estão extintas”.
- Johnny Depp: “Estes diários são um must para qualquer um que se interesse por Kerouac e pelos beats. Mais do que isso: destina-se a todos nós que temos curiosidades sobre uma época em que a inocência ainda era uma possibilidade. Ler os pensamentos, as esperanças e os sonhos de Kerouac nos leva de volta às coisas importantes da vida. Viver, amar, respirar, pensar, ter esperanças, se importar, sonhar, rir e ir em frente sempre”.
- Publishers Weekly: “ Estes diários são uma fonte essencial de informações para os estudiosos da literatura norte-americana, mas a força da personalidade de Kerouac faz deles uma literatura absorvente para os fãs em geral”.
quarta-feira, 4 de abril de 2007
300
O On The Road Rio já é sucesso na internet!!!
terça-feira, 3 de abril de 2007
Kerouac tem um memorial
segunda-feira, 2 de abril de 2007
Mochila de Gerações
é falso, derivado, isto é, literatura.
(Henry Miller)
As linhas que serão traçadas a seguir provavelmente não encontrarão espaço na confecção de nosso Jornal Laboratório. Apesar disso, me entreguei à liberdade de experimentar o desafio de me aventurar por entre caminhos pouco usuais, talvez desconhecidos, exatamente como um cientista inquieto diante de seus ensaios e formulações. O risco, no entanto, ao invés de inibir qualquer expectativa, apenas acende violentamente o desejo por um horizonte abundante de luz.
***
No dia 22 de março de 2007, o professor de Relações Públicas, Ricardo Benevides, convidado pelo professor PC Guimarães, expôs para a turma de Técnica de Reportagem a influência que o livro On The Road, de Jack Kerouac, provocou, nos EUA, sobre a geração beat. Os beatniks formavam uma legião de jovens que, inconformados com o espírito mesquinho que pervagava o american way of life, se propunha a incendiar na juventude a necessidade de despertar uma nova forma de ser, um outro olhar sobre as questões do mundo.
Fortemente atacado pelo macartismo (doutrina que ficou conhecida através do senador Joseph McCarthy, durante a Guerra Fria, o macartismo procurava repreender toda manifestação contrária às posições políticas dos EUA; qualquer ameaça à ordem e aos bons costumes seria condenada como uma investida subversiva, de direção comunista, e precisaria ser combatida), o movimento conseguiu ganhar da justiça americana o direito de perpetuar as suas reivindicações por maior liberdade de expressão. A geração beat anos mais tarde viria a repercutir acenos de vários artistas, entre eles Bob Dylan e Renato Russo. Os hippies também receberam do livro de Kerouac o fôlego de coragem para desbravar as estradas em busca de uma alternativa social que garantisse entre os indivíduos a cooperação em nome da paz e do amor.
Ricardo Benevides, durante a entrevista, ponderou, entretanto, a respeito da designação atribuída ao termo “literatura do caminho”, constantemente relacionado à chamada cultura beat. Segundo ele, Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto, bem como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, podem também estar situadas no conceito de tal referência literária. O problema que enfrentou durante essa avaliação repousa justamente na incongruência que legitima o mesmo critério ou valor literário a qualquer tipo de expressão conferida através escrita. Dessa maneira, Benevides teve que considerar, inclusive, o livro de Bruna Surfistinha, O Doce Veneno do Escorpião, como um exemplar da tal literatura de estrada. Ainda nas palavras do professor e de outros especialistas no assunto, On The Road é um livro que pode ser entendido sob a ótica do existencialismo. Diante destes paradoxais atalhos, fica difícil discernir com clareza a autenticidade do discurso que se esforça para se fazer crer como verdadeiramente original ou contra-cultural.
Se levarmos em conta o existencialismo como a filosofia na qual o indivíduo assume autonomamente a liberdade e a responsabilidade de seu próprio Juízo e que, portanto, cada indivíduo em posse da razão pode elaborar a profecia de seu próprio destino, resta-nos observar em que medida a coletivização dos interesses de Jack Kerouac findaria por sufocar o próprio existencialismo em si. Se tratado como uma forma de ideologização, um estandarte, o suposto existencialismo que o livro mobilizou acaba pairando num absurdo longe do caráter Grundlos conceituado por Schopenhauer ou, mais distante ainda, do pessimismo amargurado de Cioran. É por isso que, a partir do momento em que On The Road é tomado como ideologia, uma espécie de Bíblia de determinado movimento ou tradição, o livro colabora para a instauração do fanatismo, da crença resignada e cega.
Isto quer dizer que o sucesso da literatura de Kerouac se deve muito mais à garantia comercial que o livro, como negócio, prometia aos seus patrocinadores do que pelo desprezo que urgia ser vomitado na estúpida face da sociedade de consumo na qual o autor narra as suas desventuras. Ou seja, neste mundo das mercadorias, nenhuma novidade é lançada despretensiosamente, mesmo que sua embalagem aparente a oferta de um objeto revolucionário. Sob esse ponto de vista, Jack Kerouac “ingenuamente” contribui para o que entendemos como a cosmetização do espírito transgressor ou anárquico. Tanto é que o próprio autor consideraria, anos mais tarde, o movimento beat, refletido nas ruas, como algo ridículo e esvaziado da intenção que o motivara a escrever. Apesar da infelicidade do arrependimento, para ser publicado, apenas para fazer fama, Jack superestimou o valor de sua obra e, por vaidade, vendeu e permitiu que seu trabalho fosse editado e adulterado, conseguindo enriquecer com o livro que ainda gerou bons lucros para a indústria da moda. A partir da instauração dessa moda, a dita juventude contestadora adere à naturalização do uso indiscriminado das drogas, à celebração da degradação humana de tendências suicidas, à banalização da vida, do sexo e às práticas de uma sociedade decadente. E por incrível que pareça, aceita esta “verdade”, inquestionável para a maioria, com orgulho, ao mesmo tempo em que procura equilíbrio nas meditações zen-budistas. Em síntese, o porta-voz desta geração, aliado com o discurso publicitário, simplesmente permite associar a tão ansiada “liberdade” como um mero objeto de consumo.
Quando o projeto de construção de uma nova sociedade de caráter transformador esbarra na ânsia da felicidade imediata, não resta outra opção senão entregar suas mais nobres aspirações nas mãos do capitalismo que tudo tem para vender no seu estoque de quiquilharias. A título de ilustração, vale a pena constatar que a loja de roupas Gang era uma grife que vendia acessórios para o público underground, para punks. O nome da etiqueta já sugere um rótulo do marginal. Ou seja, ser “marginal” era o barato vendido pela marca. Toda a tribo encontraria na Gang ofertas para vestir cuidadosamente a armadura do jovem revoltado. Anos se passaram e a onda do nosso momento não é mais ser trash. O importante agora é aproveitar a vida com saúde, estampar para os amigos um corpo sarado e perfeito, trocar dicas de alimentação e personal-trainers. E a história continua: a loja que vendia para o público punk, por um simples cálculo financeiro, encaminhou seus investimentos para um mercado mais atraente. Agora vende roupas para funkeiros e funkeiras que por alguma razão encontram diversão no baile. Não é intenção desse artigo ir além na questão do funk. Muitos especialistas já se dedicaram ao assunto. Mas se você não gosta de funk, poderá encontrar outra tribo legal para encontrar a galera.
De uma maneira geral a juventude não perdeu o desejo de dar a volta ao mundo, de entregar o espírito ao vento, de ver novas paisagens e culturas através da janela do carro. Todavia, como tudo hoje em dia tem que ser acelerado, resta a opção de uma outra janela que te coloca em contato com o mundo inteiro “em tempo real”: eis o Windows!
Glossário:
Geração
1. produção, formação 2. procriação, concepção 3. grau de filiação em linha direta 4. descendência 5. Conjunto de pessoas que tem mais ou menos a mesma idade 6. Cada uma das fases sucessivas que assinalam mudança decisiva numa técnica em evolução
Gerador
1. que ou o que gera, produz ou procria
Gerar
1. Dar existência ou ORIGEM 2. ser a causa ou a origem de; criar produzir 3. adquirir existência; nascer
Existência
1. forma de viver 2. presença 3. período de tempo; duração
Mochila
1. Bolsa com alças para ser carregada nas costas
Créditos para Rafael Queres
Rumo aos Mil
Lembrando que ainda estamos esperando a entrevista completa do Ricardo Benevides. Quem já tiver envie para o e-mail penaestrada.rj@gmail.com , que postaremos aqui! Obrigado!
domingo, 1 de abril de 2007
Entrevista
Está aí embaixo:
Revirando sites e mais sites em busca de algum “beatnik” dos tempos modernos, eu não me liguei que dentro de casa eu possuía uma amiga que lê e gosta de autores do estilo de Kerouac. Seguindo o conselho do PC, fiz uma rápida entrevista com ela. Ela se chama Ana Carolina Pereira, tem 21 anos e cursa Direito na UFF.
Carla: Quais os livros de Kerouac que você já leu?
Ana Carolina: Eu já li “Vagabundos iluminados”, “On the Road” e “O livro dos sonhos”.
C: Existe mais algum autor com este mesmo estilo literário no qual você goste?
AC: Tem sim. Eu gosto de Bukowski, Eginsberg e J.D. Salinger.
C: Como você conheceu a obra de Kerouac? Foi alguém mais velho que te indicou, ou então algum amigo?
AC: Primeiro eu ouvi falar do livro “O apanhador no campo de centeio”. Li, gostei e a partir daí comecei a procurar outros autores da mesma época. Foi aí que eu encontrei Kerouac.
C: Uma vez você comentou comigo que seus amigos também gostam de Kerouac. Foi você que indicou para eles?
AC: (risos) Sim! “Vagabundos iluminados”, eu já emprestei pra muita gente!
C: Você acha que, hoje em dia, a leitura de “On the Road” é capaz de influenciar um jovem a sair de casa e viajar por aí de carona e sem destino certo?
AC: Hoje em dia quase ninguém faz isso, naquela época era mais comum. Antes, o fluxo de informação era menor. Às vezes você lia uma informação e ia atrás daquilo. Hoje você muda de idéia com muita facilidade, pois são muitas informações que são oferecidas.
C: Você teria coragem de pôr a mochila nas costas e sair por aí sozinha ou acompanhada?
AC: Sim! Se eu tivesse dinheiro, sim. Aliás, dinheiro não... Se eu tivesse tempo, sim. Eu não queria largar a minha faculdade... Mas, quando eu me formar, eu vou. Sabia que com 4 mil reais dá pra você fazer um mochilão pela Europa.
C: É mesmo? Quem sabe quando eu me formar também vou... Sempre falo com minha mãe que quando eu me formar, ninguém me segura!
(risos)
Ela estava lendo “Autobiografia de um Iogue”, de Paramahama Yogananda, no momento em que cedeu a breve entrevista.
Vamos lá gente. Vamos produzir mais.
quinta-feira, 29 de março de 2007
Influenciando Ídolos
Sair de casa e deixar a família depois de ler um livro. Quem pode dizer que fez isso? Robert Zimmerman fez. Após a leitura do clássico de Jack Kerouac, On The Road, o menino judeu, bem-apessoado e razoavelmente bem nascido numa pequena cidade americana teve coragem e saiu de casa para ganhar Nova York.
Robert Zimmerma já não era mais o seu nome, em homenagem ao poeta galês Dylan Thomas, Robert decidiu se chamar Bob Dylan.
Como os outros garotos, demonstrou interesse pela rebeldia de James Dean bem como por motocicletas e jaquetas de couro. Mas não era o rock que fazia sua cabeça. Ouvia pelo rádio, tarde da noite, programas de música americana de raiz, o country e o blues. Muito novo, decidiu ser cantor embora tivesse uma voz roufenha e a tal timidez.
De vida pessoal conturbada, com muitos casos, difícil relacionamento com músicos e confusão religiosa, Dylan nos é apresentado como um ser humano total, repleto de indagações mais convicto de seu ideal: escrever e cantar belas canções, repletas de poesia original com fortes frases imagéticas. É o que tem feito e pelo que deve ser considerado. Sua arte importa mais do que sua vida, no final.
Seguidor do espírito beat: a manisfestação dos hippies, a experiência com drogas, os discursos fervorosos sobre sexualidade, os manifestos antimilitares, associa-se ao universo de interesse dos autores beats. Apresentou-se em barzinhos decadentes com composições de outros e próprias tocando violão e gaita.
Música de Dylan - On The Road Again
Fonte
Comunicado
quarta-feira, 28 de março de 2007
"On The Road" na Globo
segunda-feira, 26 de março de 2007
Vídeo com Tradução
O primeiro é esse. A tradução vem logo a baixo.
Tradução:
domingo, 25 de março de 2007
Os Livros do Mochileiro
Está na ordem que eles foram publicados.
Os Livros
O link foi descoberto pelo aluno Filipe Cerolim e tá ai caso alguém queira entrar no site. Está em Inglês.
The Town and the City - 1950
On the Road - 1957
The Subterraneans - 1958
The Dharma Bums - 1958
Doctor Sax - 1959
Maggie Cassidy - 1959
Book of Dreams - 1960
Tristessa - 1960
The Scripture of the Golden Eternity - 1960
Lonesome Traveler - 1960
Pull My Daisy - 1961
Visions of Gerard - 1963
Desolation Angels - 1965
Satori in
Vanity of Duluoz - 1968
Pic - 1971
Scattered Poems - 1971
Old Angel Midnight - 1973
Trip Trap - Haiku
Heaven & Other Poems -1977
quinta-feira, 22 de março de 2007
Papo com Ricardo Benevides
Os alunos que participaram desse papo foram:
Filipe Cerolim, Helga Lira de Artiaga, Leila Carrilho, Fabio Resende, Victor Hugo, Camila Rodrigues, Maria Fernanda Schardong, Rafael Queiros, Mariana Pimenta, Felipe Hanower, Sheila Aguiar, Pedro Ivo, Carla Borchat, Luis Gustavo, Lucas Cabral, Dalmo Rocha, Maria Fernada, Martha Bacci, Marcia Jussara, Elenir Souza.
A entrevista completa logo estará no ar, com fotos e outras coisas.
terça-feira, 20 de março de 2007
Geração Beat: O "Estar" Em Movimento
"A chave de tudo foi o tédio"
-Hal Chase
A literatura dos beats é sobre o laço de amizade entre homens, sobre a afetuosidade entre eles ou até sobre a tristeza da descoberta de que o amor e a paixão fenecem – semelhança a geração ultra-romântica do século XIX. Todo o resto – o zelo pela religião oriental, o flerte com o Existencialismo, a fascinação pelos sonhos, o radicalismo político, a paixão pelas drogas, a liberdade sexual – era meramente decoração de uma complexa rede de relacionamentos pessoais.
A palavra beat em si é sinônimo para batida ou compasso (seja musical ou cardíaco). Também significa ser vencido. O termo beat é gíria antiga, utilizada nas ruas entre pessoas de baixa renda, basicamente reafirmando a idéia de estar cansado e vencido (pela vida). A expressão também foi utilizada para designar uma negociação de tráfico que terminou mal, por exemplo, pagar por heroína e descobrir depois que era açúcar ou talco, é ser beat (vencido).
Discutindo o termo Geração Perdida, de Jean-Paul Sartre, diz a lenda que, em uma cafeteria
Alguns poetas se sentiam desconfortáveis com o modismo do termo e tentaram esvaziar o excesso de mítica criada. Gary Snyder, poeta e autor do livro Myths And Texts, falou certa vez, que não existia nenhuma Geração Beat, pois meia dúzia de pessoas não constitui uma geração. Aparentemente este também é o raciocínio de Hettie Cohen Jones, autora do livro How I Became Hettie Jones, ela deduziria que o termo beat generation era um nome mal empregado, já que toda a geração beat cabia em sua sala de estar, e ao seu entender, uma geração inteira não poderia caber em apenas uma sala.
Seria Allen Ginsberg quem mais se esforçaria a definir e projetar o termo beat e a consciência literária que ele sugere. Seu esforço promocional era direcionado a conseguir publicações em revistas de renome e status. Não somente para os seus trabalhos, como também para os dois amigos, cujo trabalho Ginsberg mais respeitava e admirava, Jack Kerouac e William Burroughs. Ginsberg porém, nem sempre foi tão obstinado quanto ao seus objetivos.
A geração beat se dividia em dois grupos. O primeiro era composto por Jack Kerouac, Allen Ginsberg, John Clellon Holmes, William Burroughs, Herbert Huncke, Lucien Carr, Hal Chase e Gregory Corso, que se conheceram em diferentes ocasiões durante o decurso do ano de 1943. No ano seguinte conheceram Neal Cassady, de passagem
Neste segundo grupo estão poetas, escritores, artistas e intelectuais como Lawrence Ferlinghetti, Gary Snyder, Kenneth Rexroth, Norman Mailer, David Meltzer, George Herms, Wallace Berman, Bruce Conner, Philip Lamantia, Michael e Joanna McClure. Estes atingiram pintura e escultura, como também uma literatura abrangente. Pode-se deduzir que foi
Foi
Entre a leitura de "Howl" no recital e a publicação de On The Road, houve o famoso processo jurídico onde Lawrence Ferlinghetti, ao publicar o livro "Howl and Other Poems" de Allen Ginsberg, passou a ser acusado pelo governo de promover pornografia. O Senador Joseph McCarthy liderou uma cruzada contra atividades rotuladas anti-americanas. Porém, a justiça não só inocentou o poema, como o definiu "valioso conteúdo social". O mais importante foi a cobertura diária da imprensa no julgamento, que tornou os termos Beat, Beat Poet e Beat Generation repentinamente conhecidos por todo o país.
A literatura beat passa a ser ao mesmo tempo elogiada por alguns críticos, e criticada pelas associações literárias conservadoras. É neste contexto que nasce o termo beatnik, surgido no San Francisco Chronicle em uma coluna assinada por Herb Caen em abril de 1958. O sufixo ‘nik’, inspirado no satélite espacial russo Sputnik, sugere à palavra beat a idéia de algo subversivo, uma vez que russos e norte-americanos simbolizavam a antítese entre comunismo e capitalismo. Não demoraria muito e beat seria compreendido como um estilo de escrever, e beatnik um estilo de viver. Menos de dois meses depois de On The Road e ainda com a confusão em torno do julgamento, o termo passa a ser usado em anúncios da gravadora Atlantic para a venda de discos de jazz.
Com o excesso de publicidade em relação aos beats foi criado
Jack Kerouac, sempre fugiu de definições específicas para o termo beat, mas ao ler um o artigo na revista Esquire se irritou ao encontrar nele seguidas referências às drogas. Motivado, publicou sua versão num artigo chamado "Aftermath: The Philosophy of the Beat Generation", na mesma revista. Nele, Kerouac romantiza sobre a alienação social dos beats originais, tornando-os ainda mais atraentes. Define sua geração como "louca, iluminada, viajando pela América de carona." Kerouac usa muitas expressões e adjetivos e conclui que os beats são belos de uma forma feia, porém graciosa. Ele faz questão de frisar que o termo nada tem a ver com delinqüência juvenil. Beats são pessoas espiritualizadas que não montavam gangues para agredir pessoas, apenas eram andarilhos solitários, porém solidários.
Texto produzido pela aluna Helga Lira de Artiaga